Carga horária: 12 horas
Presencial
Data: Dia 05/05/2015 ao 08/05/2015, das 18:30 às 21:30
Editores, editores-assistentes, jornalistas, professores, escritores, bibliotecários, estudantes de comunicação, editoração, letras e jornalismo, revisores, tradutores, empreendedores e demais interessados.
O trabalho parte da noção de que a relação da comunidade de uma língua com o seu próprio uso linguístico implica alguma tensão, porque, no uso de uma língua nacional, há sempre a consciência de que a sociedade representa legitimamente uma instância de julgamento do desempenho de seus membros. Essa noção de que existe uma norma linguística pode, por um lado, incentivar que as pessoas conscientes cuidem de sua linguagem, mas pode, por outro lado, conduzir perigosamente o entendimento do que signifique, realmente. Desse modo, o “medo de errar” pode ser mais um mal do que um bem, e pode ser um convite a erro de julgamento. Os enganos que daí decorrem podem mascarar a compreensão de qual seja o papel que um bom conhecimento do funcionamento da língua – e das suas legítimas normas de uso – tem na boa produção linguística dos escolarizados.
1. O cuidado com a boa linguagem e suas decorrências.
1.2 A noção do uso linguístico como instrumento de boa visibilidade social aliando-se à desejável meta de obtenção de um registro de linguagem que seja bem avaliado.
1.3 A legitimidade do desejo de um bom desempenho linguístico aliando-se à conveniente preocupação com o modo de fazer uma real boa linguagem.
2. O cuidado com a boa linguagem e seus perigos.
2.1 A real existência de uma “norma” linguística entre as outras normas sociais opondo-se à falsa ideia de que há legítimos impositores e comerciantes de normas corretas.
2.2 A legítima meta de falar e escrever bem (e socialmente bem) opondo-se às armadilhas de uma imposição de padrões divorciados da vida da língua e que só farão bloquear o fazer da linguagem.
3. O cuidado com a boa linguagem e seus instrumentos.
3.1 A necessidade de uma exposição consentida e intensa às manifestações da boa linguagem, colhendo delas as significações e os efeitos que nos dirão o que é uma boa linguagem.
3.2 A necessidade de uma lida com a linguagem que represente vivência, o que nos dirá de sua adequação à situação, de suas motivações e de seus propósitos, aí entrando a incorporação da legítima norma (do que é “normal”, em uma determinada situação).
3.3 A necessidade da compreensão de que normas avulsas e lições distanciadas da vivência do uso só farão bloquear o bom fazer da linguagem, matando a espontaneidade e a criatividade, o que representa matar a própria linguagem.
Profª. Dr.ª Maria Helena de Moura Neves
Doutora pela USP em Letras Clássicas (Grego) e Livre-Docente pela Unesp-Araraquara em Linguística e Língua Portuguesa. Atua na Pós-Graduação-Letras da Universidade Mackenzie e na Pós-Graduação-Linguística e Língua portuguesa da Unesp-Araraquara. Produziu em torno de 170 obras autorais, entre livros, artigos e capítulos. Entre elas destacam-se: Gramática na escola, 1990; A gramática funcional, 1997; Gramática de usos do português, 2000; A Gramática: história, teoria e análise, ensino, 2002; Guia de uso do português: confrontando regras e usos, 2003; Que gramática estudar na escola?, 2003; A vertente grega da gramática tradicional: uma visão do pensamento grego sobre a linguagem, 2005; Texto e gramática, 2006; Ensino de língua e vivência de linguagem, 2010. Em coautoria: Dicionário Unesp do Português Contemporâneo, 2005; Dicionário de usos do português, 2002; Dicionário gramatical de verbos do português, 1990; Dicionário grego-português, 5 volumes, 2006 a 2010. Coordenadora da equipe que elaborou o livro Classes de palavras e processos de construção (volume II da Gramática do Português Culto Falado no Brasil), 2008. Organizadora de mais uma dezena de livros.